Comitê General Abreu e Lima manifesta apoio ao movimento de resistência no Equador

O Comitê Anti-imperialista General Abreu e Lima entregou na manhã de sexta-feira, 11 de outubro, um manifesto em solidariedade ao povo equatoriano. Participaram do ato ativistas de vários partidos e movimentos que integram o comitê, que em reunião com o embaixador do Equador, Diego Ribadeneira, deixaram claro o protesto à violência e servilismo do presidente Moreno ao imperialismo. Abaixo segue a nota entregue a Chancelaria equatoriana.

MANIFESTO DE APOIO AO RECHAÇO POPULAR, A CONSTRUÇÃO DA GREVE GERAL EQUATORIANA CONTRA O PAQUETAZO DE MORENO E CONTRA A INGERÊNCIA DOS EUA NA AMÉRICA LATINA

O Comitê Anti-imperialista General Abreu e Lima, frente ao decreto sancionado no primeiro dia de outubro passado pela Presidência do Equador, torna público o absoluto repúdio à radicalização neoliberal produzida pelo anúncio das novas medidas econômicas como contrapartida para a liberação de um empréstimo milionário por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI). Por extensão, em solidariedade ao direito de mobilização do povo equatoriano, este comitê condena com veemência a escalada repressiva instaurada por Lenin Moreno a partir do Decreto Ejecutivo 884, que suspendeu as garantias constitucionais e decretou o estado de exceção por todo o país.

O paquetazo econômico de Lenin Moreno, visa compensar os efeitos perversos da crise econômica nacional e assegurar os interesses do grande capital, impõe medidas econômicas que aprofundam a deterioração das condições de trabalho e vida da classe trabalhadora ao intensificar os mecanismos de superexploração da força de trabalho.

As semelhanças com o Caracazo saltam aos olhos. Conjunturalmente, verificam-se desde a eliminação do subsídio estatal sobre a gasolina e a majoração nos bilhetes de transporte coletivo ao anúncio de substanciais reajustes salariais e flexibilização dos direitos laborais, perpassando pelo congelamento de gastos públicos e pelo encarecimento dos gêneros de primeira necessidade. A violência governamental, apoiada em um discurso contra as forças populares, justificam o arbítrio em curso.

Convocada pelos trabalhadores do setor de transportes, centralizados pela Federación Nacional de Cooperativas de Transporte Público de Pasajeros de Ecuador (Fenacotip), tendo recebido a expressiva adesão de movimentos indígenas organizados, como a Confederación de Nacionalidades Indígenas de Ecuador (CONAIE) e o Movimiento Indígena y Campesino de Cotopaxi (MICC), estudantes e demais setores descontentes ocuparam a capital, Quito, mostrando a disposição de seguir com a greve geral. O movimento reivindica a revogação do decreto antipovo, bem como de todas as medidas anunciadas e a renúncia de Moreno.

Demonstrando a covardia própria das lideranças ilegítimas, Moreno transferiu a sede governamental a Guayaquil, na região costeira, fugindo dos manifestantes. Também intensificou o volume do aparato coercitivo para 24.000 militares e 5.000 reservistas. Diariamente tem ocorrido confronto direto entre a polícia e os manifestantes, que fortalecem sua unidade, organização e disposição de luta. Centenas de manifestantes, ativistas sociais e dezenas de jornalistas estão detidos. A polícia já cometeu vários assassinatos, inclusive de um recém-nascido.

Resta claro que os descontentamentos populares no Equador tornam explícita a deterioração do governo Moreno, com o esgotamento do modelo neoliberal, que tem levado ao aprofundamento da exploração do trabalho e riquezas naturais, com uma feroz violência contra os povos que ousam enfrentar o imperialismo, como tem ocorrido com Cuba, Venezuela e o povo equatoriano, que ousa lutar e combater os opressores. Deriva daí o enorme potencial revolucionário da classe indígena equatoriana e das classes trabalhadoras na região, já vislumbrada por Mariátegui no contexto da luta de classes peruana em meados do século XX.

A escalada autoritária para a qual caminha o modo de acumulação neoliberal exige que a utopia se imponha no horizonte, que a unidade na luta contra as agressões imperialistas, que atacam a soberania de nações e conquistas sociais, seja capaz de seguir o exemplo de Marighella, Che Guevara, Fidel Castro e Hugo Chávez. Por esta razão, declaramos apoio irrestrito aos insurgentes equatorianos e todos os povos que se disponham a conquistar outro amanhã, com dignidade, igualdade e o socialismo.

EM DEFESA DA GREVE GERAL EQUATORIANA!
TODA SOLIDARIEDADE AOS POVOS NA LUTA ANTI-IMPERIALISTA!
VIVA A UNIDADE DO POVO LATINO AMERICANO!!

Brasília, DF, Brasil, 11 de outubro de 2019

Comitê Anti-imperialista General Abreu e Lima

Coletes Amarelos: Um Movimento Francês?

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Coletes Amarelos / França – Foto: Etienne de Malglaive / Getty Images

 

Por Pedro Augusto Pinho

Desde o início das manifestações que há um mês tomam as ruas de Paris e muitas cidades francesas, com seus coletes amarelos, uma questão está sem resposta. Quem patrocinou? Deu visibilidade, espaço nas comunicações, que possibilitou milhares de pessoas contestarem o Governo Macron?

Movimentos espontâneos são tão prováveis quanto orientações extraterrenas. Uma das boas análises li em Ramin Mazaheri, correspondente na França da imprensa iraniana. Ele mostra que desde as movimentações de 2010, contra a reforma da previdência, a vida dos franceses da classe média, que não são 20%, como no Brasil, mas representam cerca de 50% da população, tem piorado sempre, a cada ano. Quer em relação ao poder de compra de suas receitas – de trabalho ou de negócios – quer em relação a opções de emprego e ausência de clientes e consumidores, quer em relação à carga tributária, nominal e real crescentes. E, além disso, com os novos ônus de um Estado cada vez mais ausente, pelas privatizações e pela redução dos benefícios sociais. Em síntese, estas pessoas tiveram oito anos para refletir sobre as razões de sua desesperança.

Muito se tenta culpar a extrema direita de Marine Le Pen. Mas seu discurso se concentra nos imigrantes que tiram lugar dos franceses no trabalho e nos postos de atendimento público, além de uma “agressão cultural” ao orgulho civilizatório do Império. Os coletes amarelos não são árabes, negros ou imigrantes. É visível pelas imagens em Paris e nas entrevistas por toda França. Logo, se há eleitores do Rassemblement National (União Nacional), não foi sua articulação partidária quem os colocou na rua.

Tampouco a esquerda da França Insubmissa de Jean-Luc Mélenchon, que vem sendo sabotado pela “grande imprensa”. Há sem dúvida eleitores de La France Insoumise, mas não são os condutores da revolta.

Seria o próprio Emmanuel Macron? Eleito com 66% de aprovação, em maio de 2017, tinha apoio de 39% dos franceses em julho/2018, 34%, em agosto, e 29%, em novembro/18, de acordo com pesquisas reportadas pelo Deutsche Welle, e chega agora a 23% , conforme Les Échos.

Ora, seu projeto neoliberal de demolição do Estado Nacional ainda não está completo e seus patrões do Banco Rothschild e outros gigantes das finanças mundiais estão cobrando. Fazer explodir um movimento nacional, com infiltrados agentes depredadores, para justificar a repressão, gera uma situação indesejável e pode ser o caminho para os poderes especiais com que concluiria a encomenda do sistema financeiro (banca).

Mas os Estados Unidos da América (EUA), não da banca, mas do Presidente Trump, não quer uma Europa forte e desafiante. O Brexit, um caos na França, uma oposição à União Europeia na Itália, se espalhando pelo Velho Continente pode ser a oportunidade de tornar vitorioso o American First. A conferir.

TRF4 CONFIRMA CONDENA DE LULA Y DEL PUEBLO BRASILEÑO

Foto: Diego Leão/FPB
Es necesario mirar críticamente la sentencia dada por los jueces de la 8ª Sección del TRF-4. No se trata de defender a Lula, es una cuestión de defender algo mucho más precioso: el pueblo brasileño que está siendo condenado junto a él.
Por Juliana Medeiros
El juicio realizado por la 8ª sección del Tribunal Regional Federal de la 4ª Región (TRF-4), en Porto Alegre, de este miércoles, tenía la tarea de decidir sobre una apelación del equipo de defensa del ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
El recurso era contra la condena de 9 años y 6 meses de prisión en el caso del apartamento (tríplex) del Guarujá, que había sido aplicado al ex presidente el año pasado por el juez Sérgio Moro, responsable de los procesos de la Operación Lava Jato en la primera instancia de la Justicia Federal, en Curitiba (PR).
En la larga sesión, el fiscal del Ministerio Público y los abogados de defensa se manifestaron y luego los tres jueces pronunciaron sus votos. Para el Dr. Cristiano Zanin, abogado de Lula, el juez Moro falló al definir la pena con base sólo en la “narrativa aislada” del ex presidente de OAS, Leo Pinheiro, que fue al final beneficiado (por su delación contra Lula) con la reducción de la pena en la misma sesión.
El relator del caso, juez João Pedro Gebran Neto, no sólo mantuvo la condena como aumentó la pena del ex presidente Lula de nueve años y medio para 12 años y un mes de prisión. Gebran escribió 400 páginas para justificar la condena de Lula, e incluso sugerir el aumento de la pena, sin mencionar una línea sobre el principal argumento de la defensa para el recurso. Durante la lectura de su voto, llegó a decir que habría pruebas “por encima de lo razonable de que el apartamento tríplex desde el principio fue reservado para Lula”, pero al igual que los otros que le siguieron, no mencionó ninguna vez alguna “prueba” .
En consecuencia, el juez Leandro Paulsen, presidente de la 8ª sección del TRF4 y revisor del caso, inició -después del intervalo para el almuerzo- la lectura de su voto, también manteniendo la condena y el aumento de la pena sugerido por el relator. Por último, el juez Victor Luiz dos Santos Laus leyó el último de los tres votos y el presidente proclamó el resultado.
 No obstante, el proceso no se cerrará todavía, ya que hay posibilidades de recursos en la misma instancia. La defensa aún puede recurrir. Aunque todos los recursos en el TRF4 fuesen negados, quedan apelaciones ante el Tribunal Superior de Justicia (STJ, según siglas en portugués) por medio de un recurso especial, y ante el Supremo Tribunal Federal (STF) con un recurso extraordinario.
Es importante recordar también que no hay posibilidad, hasta el momento, que el ex presidente sea arrestado. Lula sólo podría ser detenido después de haber agotado todos los recursos en el TRF4. Esa es también una estrategia del Partido de los Trabajadores (PT) para mantener su candidatura; que será confirmada este jueves (25) durante un acto en Sao Paulo.
Una eventual candidatura de Lula en las elecciones de octubre podría ser impugnada con base en la Ley de Ficha Limpia, que considera inelegibles a aquellos que hayan sido condenados en una decisión transitada en juzgado o proferida por órgano judicial colegiado. Sin embargo, hay una brecha en la ley que permite recurrir a una liminar (decisión provisional), lo que garantizaría el registro de la candidatura.
El ex presidente Lula acompañó el juicio desde la sede del Sindicato de los Metalúrgicos de ABC, acompañado de militantes del PT, MST y Levante Popular de la Juventud.
En varias partes del país se registraron vigilias desde la noche del martes en defensa del ex presidente. También hubo manifestaciones, menores en número, en defensa de la prisión del petista.
Desde el lunes, Porto Alegre registró un fuerte esquema de seguridad, previendo la llegada de más de cuatro mil autobuses con personas oriundas de varios estados del país que llegaron a la capital gaúcha en apoyo a Lula.
Una nota, elaborada por el Frente Brasil Popular (FBP), que reúne a más de 80 partidos y movimientos sociales, y divulgada luego del final del juicio, recuerda que es hora de “continuar en las calles luchando por elecciones democráticas y en defensa de los derechos del pueblo brasileño”.
Lula lidera todas las encuestas electorales de cara a la próxima elección y esa parece ser la principal motivación de la persecución jurídica, un capítulo más en el golpe de Estado que comenzó a tomar forma en el país luego de confirmada la victoria electoral de la ex presidenta Dilma Rousseff en el 2014.
El resultado, ya esperado, del juicio de la apelación de Lula en el TRF4 sólo confirma que el país vive un Estado de excepción. El recado dado por la élite blanca y rica del país es claro: trabajadores, pobres, negros, indios, LGBT y demás grupos minoritarios, no se atrevan a desafiar la fuerza oculta del Estado Capitalista, todos serán aplastados.
Lula no fue condenado por “formar parte de un gran esquema de corrupción”. Temer, Aécio Neves y José Serra son la prueba de ello. Lula necesita ser destruido para que nunca más, surja otro como él. La figura cívica del Lula es una amenaza al establishment y necesita ser humillada y reducida a polvo para evitar el riesgo de que despierten nuevos liderazgos en la pobreza, sea del campo o de las periferias de las grandes ciudades.
La condena de Lula no es para corregir una cultura generalizadamente corrupta, es para fortalecer la cultura corrupta que en Brasil se ha implantado desde la llegada de Cabral, la cultura de que el pueblo es la plebe y debe seguir sirviendo a la corte. Desde entonces, la justicia brasileña practica la frase que debería abrir cínicamente nuestra Constitución: “A los amigos los favores de la ley, a los enemigos los rigores de la ley”.
Lula es un líder popular y un instrumento de la voluntad del pueblo, dentro de los límites de una democracia representativa y estatal. Muchas contradicciones existieron en su gobierno pero fue él el artífice de que empleadas domésticas fueran reconocidas como trabajadoras formales; que habitantes de las ciudades más lejanas del Nordeste contaran con energía eléctrica; que la mujer sea titular de los beneficios sociales del Estado; que fuese ampliado el derecho a la educación universitaria en el país. La derecha descalifica a los beneficiarios de estas políticas como “pan con mortadela” porque no saben lo que es carecer de las cosas más básicas. Incapaz de comprender el dolor del hambre del pueblo.
Como recuerda la nota del FBP, ‘”la hora no es de llanto, sino de lucha”. La decisión sobre Lula es la condena de todo el pueblo brasileño. Y es justamente contra esta guerra -declarada por la justicia, por las grandes corporaciones y por los medios burgueses contra el pueblo- que es hora de luchar. Es mucho más que evidente, que la elección sin Lula es fraude.

Con informaciones de Jornalistas Livres

ARGENTINA – O DEBATE, O ENCERRAMENTO, O QUADRO DE MOBILIZAÇÃO. CRÔNICA DO DIA 3

Fonte: Jornalistas Livres

Por Cobertura Colaborativa Fora OMC
Tradução Juliana Medeiros / Jornalistas Livres

APÓS UMA MANHÃ DE FECHAMENTO DOS FÓRUNS E MESAS DE DEBATE; PARA OUTRO DIA DE UMA COLORIDA MARCHA, RESPONDIDA PELO GOVERNO NACIONAL COM REPRESSÃO E DETENÇÕES; NO TERCEIRO DIA DE ATIVIDADE DE DEZENAS DE FÓRUNS, SEMINÁRIOS E MESAS DE DEBATE, ONDE ATIVISTAS, MILITANTES E PARTICIPANTES DA SOCIEDADE CIVIL CONSTRUÍRAM UMA DINÂMICA DE INFORMAÇÃO SOBRE OS PROBLEMAS GLOBAIS DO CAPITALISMO ATUAL; DEPOIS DE MESES DE COORDENAÇÃO INTERNACIONAL ATIVA EM QUESTÕES LOGÍSTICAS, COMUNICATIVAS, METODOLÓGICAS; APESAR DA REJEIÇÃO DE INGRESSO AO PAÍS DE DEZENAS DE ATIVISTAS INTERNACIONAIS E DO VETO À SAÍDA DE MILITANTES AFRICANOS PARA PARTICIPAR DO INÍCIO DA ASSEMBLEIA DA CONFLUÊNCIA, ONDE SE APRESENTARAM AS CONCLUSÕES DO TRABALHO DA CÚPULA DOS POVOS, FRENTE A UMA DEFINIÇÃO FINAL.

Ao mesmo tempo, outra marcha chega à Avenida de ‘Mayo y 9 de Julio’. É a que foi convocada pela CTEP (Confederação de Trabalhadores da Economia Popular), a CCC (Corrente Classista e Combativa, agrupamento político e sindical argentino promovido pelo Partido Comunista Revolucionário) e a organização ‘Barrios de Pié’ (Bairros de Pé) contra a reforma da lei de previdência, que está sendo discutida no Congresso [Argentino] nesse momento. Cerca de 100 mil pessoas enchem as ruas da área, enquanto as cercas da polícia protegem uma Cúpula da OMC (Organização Mundial do Comércio) que se sabe que vai afundar. Eles não conseguiram assinar um documento conjunto devido à dinâmica protecionista dos Estados Unidos e as negociações para o acordo de livre comércio Mercosul-UE não avançam.

Diante dessa afirmação, os(as) responsáveis por cada fórum realizam diante de uma assembleia com algumas centenas de pessoas, uma síntese do que foi analisado e dos acordos de cada fórum. Em suma, a análise conjuntural ressalta uma nova ofensiva do capital contra o trabalho que se encontra com sindicatos fragmentados na Europa e na América Latina; a geração de monopólios e as consequentes restrições no acesso à saúde com base na globalização das patentes médicas; a tentativa da OMC de se apropriar das demandas das lutas de gênero, ao incluí-las dentro de seus itens de discussão; o papel subordinado das mulheres na economia e o ataque às identidades de gênero e às orientações sexuais; a fragmentação do campo popular e um clima de falta de otimismo; o avanço do aquecimento global e da crise ecológica; o crescente lugar de poder de corporações, agências internacionais de crédito no controle sobre as formas de vida; a repressão como ferramenta central neste momento do capitalismo; a expulsão de povos originários de suas terras, impulsionados pelo agronegócio e o extrativismo, com assassinatos como os de Berta Cáceres¹, Santiago Maldonado² e Rafael Nahuel; o crescimento do aparato militar-industrial que gera um círculo vicioso de necessidade/estímulo à produção de guerras em todo o mundo; o avanço do Estado de Israel sobre os direitos do povo palestino, com uma clara manifestação na definição de Trump esta semana de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel; a ocupação do Haiti e o bloqueio à Cuba; a manipulação dos resultados eleitorais; a definição de várias(os) sobre (e este cronista concorda com ela) uma crise civilizatória, onde as relações estabelecidas pelo sistema capitalista, o patriarcado, o racismo, o tratamento dado à natureza, a manipulação do clima, a democracia e os sistemas atuais de governo atuais chegaram a um momento de tensão que se deve enfrentar, não mais como uma lista de conflitos locais, mas como expressões heterogêneas e imbuídas da necessidade de uma transformação geral do significado com o qual a humanidade habita o planeta.

Diante disso, se propõe uma série de dinâmicas de enfrentamento. Também em síntese restrita, estas são: a aposta pela soberania educacional, para que os povos definam a medida de seus valores, formas e conteúdos; a preparação de uma forte greve de mulheres para o próximo 8 de março; reconhecermo-nos diante dos sistemas de dívida como povos credores em termos econômicos, sociais e culturais, tomando medidas contra o pagamento da dívida pública; compreender as diferentes formas de soberania como complementos que residem nos povos e não nos Estados; construir territórios de paz onde os camponeses, pescadores, artesãos e pastores possam produzir alimentos saudáveis para a humanidade contra o avanço do capitalismo sob a forma de um suposto progresso; a busca de confluências gerais desde abaixo, com a democracia na mesma linha da necessidade de uma resposta sistêmica, de classe, anti-patriarcal e anti-racista.

As contribuições dos fóruns são seguidas por um rascunho do documento, que dá origem a uma discussão sobre determinados conceitos com os quais a síntese é apresentada. A abertura ou o fechamento de certos conceitos, as omissões e a construção de acordos que representem o que foi falado nestes dias são discutidos com franqueza e intensidade. A definição sobre o(s) imperialismo(s) ou o império e o lugar dos Estados Unidos e do sionismo; o chamado a diferentes instâncias de luta no próximo ano; as definições de gênero e os níveis que abarcam, a visibilidade do avanço ou não de determinadas lutas em função de certos conceitos utilizados. O longo debate é resolvido com a intervenção de Norita Cortiñas, recém-chegada da marcha, encarregada de relatar a repressão, a necessidade de fechar o documento e sua tradicional injeção geral de otimismo, alegria e esforço na luta.

Descemos para o pátio, caem gotas de chuva, alguém toca uma música. Se conversa sobre o que aconteceu há algum tempo, nos dias de hoje, do que sempre acontece, do que queremos que aconteça. Pela rua Santiago del Estero cruzam colunas [da marcha] que se dispersam desde o Congresso e cada vez que passam, cantamos com elas. Começam a chegar notícias do gigantesco aparato de repressão mobilizado, da repressão, de novas detenções. Neste contexto, o macrismo aposta por acelerar a reforma da previdência e a mobilização geral e crescente que enche as ruas é finalmente acompanhada pela CGT, obrigada a intervir depois de longos lobbies, piscadelas e acordos com o Estado argentino para o progresso das reformas liberalizadoras. O encerramento da Cúpula dos Povos nesta noite também sinaliza a expectativa de um amanhã, onde a resistência, a rebelião e a esperança mobilizarão a transformação do mundo em que habitamos.

Notas da Edição:

1 – Berta Cárceres: Berta Isabel Cáceres Flores, ativista ambiental Hondurenha, líder indígena e co-fundadora e coordenadora do Conselho Popular de Organizações Indígenas de Honduras (COPINH).Foi assassinada em sua casa por homens armados, depois de anos de ameaças.

2 – Santiago Maldonado: Santiago Maldonado, jovem morador da Patagônia argentina, foi detido em 1º de agosto durante um despejo forçado de um acampamento mapuche – nação indígena – para onde havia se mudado, decidido a apoiar a luta daquele povo originário. Desde então, foi dado como desaparecido e se iniciou uma campanha com apoio internacional por sua aparição com vida. Em 17 de outubro deste ano, seu cadáver foi encontrado próximo ao local em que desapareceu. As investigações sobre as condições de sua desaparição forçada, seguida de morte, continuam. 

3 – Rafael Nahuel: Rafael Nahuel, 22 anos, de Bariloche, foi atingido por uma bala disparada pela repressão das forças de segurança local, durante uma operação contra um ato da Resistência Ancestral Mapuche.

Cuba, elecciones con una daga al cuello

Fonte: La Pupila Inmsone

Por Angel Guerra Cabrera

El domingo 26 de noviembre inician las elecciones generales en Cuba. Los electores decidirán en sus circunscripciones, por el voto directo y secreto, quiénes serán sus delegados(concejales) a las Asambleas Municipales del Poder Popular(AMPP). Estas posteriormente, eligen de su seno a sus presidentes y vicepresidentes municipales.  Todos estos cargos surgen de las asambleas de nominación de candidatos a delegados de circunscripción celebradas previamente. En ellas los vecinos proponen y eligen a mano alzada hasta 8 candidatos, lo que implica que puede haber una segunda y hasta tercera vuelta mientras uno de ellos no reciba la adhesión de más del 50 por ciento de los electores.

Este proceso culmina el 24 de febrero de 2018 con la toma de posesión de los diputados a la Asamblea Nacional del Poder Popular(ANPP) y la elección por ellos del presidente, vicepresidente y secretario de ese órgano de gobierno.  Al mismo tiempo, y al igual que en el caso anterior, como culminación de un proceso de consultas de las comisiones de candidatura con los diputados, estos elegirán al Presidente y cinco vicepresidentes del Consejo de Estado, su secretario y a los restantes 25 miembros de la máximo instancia legislativa y ejecutiva del país entre sesiones de la ANPP. Raúl Castro ha reiterado en varias ocasiones que no se presentará a la reelección como presidente del Consejo de Estado, aunque puede conservar el cargo de primer secretario del Partido Comunista de Cuba (PCC), cuyo mandato no habrá concluido.

Raúl seguramente ya no se ocupará del día a día de las tareas gubernamentales y del Estado. Pero el nuevo equipo de gobierno tendrá el privilegio de contar con una supervisión, asesoría y orientación como la que puede brindar Raúl con su sabiduría política, talento organizativo y en temas de seguridad nacional. Sus dotes de estadista y jefe militar desarrolladas en apoyo a Fidel en el enfrentamiento, a lo largo de toda su vida adulta, a la agresividad del imperialismo. Esto, para cualquier gobierno que defienda con celo su independencia respecto al imperialismo sería de un valor inapreciable. Mucho más en el caso de Cuba, situada por la geografía en las fauces mismas del “monstruo” de que hablara Martí y sujeta a su política de hostilidad y asfixia económica por casi seis décadas. Todavía más cuando el nuevo presidente de Estados Unidos ha vuelto a la retórica y, en parte, a las primitivas actitudes hacia Cuba de los peores tiempos del enfrentamiento planteado a la isla por la arrogancia de la superpotencia, ha reforzado el bloqueo y producido una reversión considerable del proceso de normalización en las relaciones que avanzaba en la administración de Obama.

Volviendo a las elecciones del domingo, estarán en liza en sus circunscripciones 27 221 candidatos, propuestos en las asambleas de ese nivel con la asistencia de 6 746 867 electores, un 78.35 del padrón. De los candidatos, son mujeres el 34.50  por ciento y jóvenes menores de 27 años el 19.49 por ciento. De los actuales delegados fueron candidateados el 66.44 por ciento.

Las biografías y fotos de los candidatos están expuestas en lugares visibles de sus circunscripciones desde el 1 de noviembre para que sean conocidas y valoradas previamente por los votantes. Ello les permite disponer de elementos de juicio para votar por el postulante de su preferencia. Conviene recordar que en las elecciones cubanas no participan partidos políticos, ni hay campañas electorales, por lo que no se asignan fondos para ese fin. El PCC no interviene en la nominación de los delegados, cuya candidatura surge libremente de las asambleas de vecinos.

Después de las elecciones del domingo, inicia otra fase en que las AMPP eligen a los candidatos a delegados a las Asambleas Provinciales del Poder Popular y a diputados a la ANPP. De ellos, aproximadamente 50 por ciento deben ser miembros electos de las AMPP y el resto propuestos por las comisiones de candidatura integradas por las organizaciones de masa. De esta forma se asegura una adecuada combinación de la representación territorial con la sectorial en las candidaturas a los órganos de dirección del Estado. De las comisiones surgen candidatos obreros, artistas, intelectuales, deportistas, líderes religiosos, militares, dirigentes del PCC y funcionarios del gobierno.

Alguna vez Fidel dijo que vivir bajo el bloqueo era como hacerlo con una daga en el cuello. Así funciona la democracia en Cuba: con la daga imperial en el cuello.

Twitter:@aguerraguerra